sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Recai sobre o a escola, família e ao professor a divina arte de encaminhar os rumos da educação

 A educação é o alicerce para o estabelecimento do princípio da unidade da humanidade, apontado por Bahá’u’lláh, fundador da Fé Bahá’í (religião estabelecida em 236 países e territórios do mundo) quando faz referência ao papel da educação: “Considerai o homem como uma mina rica em joias de inestimável valor. A educação, tão somente pode fazê-la revelar seus tesouros e habilitar a humanidade a tirar dela algum benefício”.

O ser humano tem ao seu dispor potencialidades que se encontram latentes, são "minas ricas em joias" que devem ser levadas a refletir sua beleza e opulência através de um método dinâmico de aprendizagem, pois pensar em educação em seu sentido mais amplo refere-se a extrair ou desenvolver o potencial humano a patamares mais elevados do conhecimento e da ação. Um processo que recai sobre os ombros da família, das comunidades, das escolas e dos professores, e que deve ser entendido não com ênfase exacerbada na assimilação e difusão da informação e do conhecimento, mas como um instrumento de construção de capacidade para o desenvolvimento pleno das habilidades acadêmicas e morais que levarão o indivíduo a aplicar seu conhecimento em prol de si e da humanidade.

O reconhecimento sobre uma concepção integral quando Victor Frankl salienta o fato de o ser humano ser constituído por três elementos fundamentais, preconiza refletir sobre o papel do professor, o exercício do magistério e sobre a educação, portanto, como o fio condutor para o desenvolvimento do corpo, da psiquê e do espírito, de modo que as três vertentes do processo tornam-se absolutamente necessárias para a plena realização do homem e consequentemente fundamentando o avanço da civilização.

Enquanto testemunhamos o desequilíbrio da atual estrutura geopolítica, decadência moral, falência das instituições seculares e sucessivas crises em todas as esferas de atuação humana, o exercício do magistério deve ser revestido por um valor e poder especial diante da veemente contribuição dos professores para a prosperidade da humanidade. Conceber a educação como o vetor de construção e avanço de uma civilização leva-nos a atribuir novo significado à posição que o professor tem representado na sociedade: a responsabilidade de fomentar a construção de capacidades em seus estudantes e a importância sem precedentes do amor ao ato de educar. O amor que é a chave mestra deste imensurável desafio.

Recai sobre o a escola, família e ao professor a divina arte de encaminhar os rumos da educação. Por conseguinte as crianças e os jovens da geração atual serão, indubitavelmente, os governantes do futuro, pois são eles as molas propulsoras para uma civilização em constante progresso.

Ao professor cabe carregar em seu mais íntimo ser o seu ideário, a sua missão: passar ao largo os interesses de ordem material, tendo a firme convicção de que seus talentos e habilidades são fatores indispensáveis na tarefa da educação dos povos.

Uma aprendizagem só pode ser considerada de fato efetiva, quando ela ganha sentido para o aprendiz

 A ansiedade, bem como a angústia, impede a aprendizagem. Isso porque uma região do cérebro, responsável pelo processamento das emoções, denominada amígdala, responde às ameaças percebidas, bloqueando o fluxo de informações para os centros de aprendizagem do cérebro, embaralhando os circuitos neurais, impedindo assim a concentração.

O educador, como bom observador das características individuais de seus alunos, pode propiciar uma aprendizagem mais dinâmica e motivadora para a sua turma, através da criação de ambientes favoráveis de aprendizagem.  Atividades de liderança e engajamento comunitário, podem ser eficazes no controle das ansiedades, visto que estimula a concentração na tomada de decisões, o trabalho em equipe mediante ações conjuntas, e a comunicação através do contato com outras pessoas.

A inteligência se desenvolve á partir do momento que nós á estimulamos, que criamos condições para que nossos conhecimentos e habilidades possam ser aprimorados. Para isso, é papel do professor promover atividades desafiadoras, que estimule o aluno á enfrentar seus obstáculos, aprender com os erros e encarar um feedback como uma atitude construtiva e não derrotista ou pessoal.

Vale ressaltar que assim como as pessoas não são iguais, a forma que cada uma delas capta a informação e aprende também não é. Uma aprendizagem só pode ser considerada de fato efetiva, quando ela ganha sentido para o aprendiz, visto que todo o conhecimento passa por uma experiência ao longo da vida. Experiência esta que se modifica a cada nova aprendizagem.

Na sala de aula, o docente ao passar uma atividade que impulsione o aluno a aplicar o seu conhecimento, este sai do conceito da memória e ganha vida, passando a fazer parte da vivência (ou da experiência) deste aluno. É neste processo que se consolidam as aprendizagens. 

Para verificar o grau de  aprendizagem dos alunos, a avaliação é uma importante ferramenta para se obter um feedback. Entretanto, o primordial em um teste ou em uma prova, não está no número de erros e acertos deste aluno, mas na compreensão de onde e de como chegou a determinado resultado, isto o ajudará a ajustar o seu pensamento para que ele possa melhorar (isso significa que o aluno precisa saber mais do que se suas respostas estavam certas ou erradas).

A prática de exercícios físicos auxilia na capacidade de concentração, além de fortalecer a memória, visto que, o exercício aumenta o fluxo de sangue, rico em oxigênio para o cérebro, melhorando assim a capacidade dos alunos de se concentrar.

Uma criança, necessariamente não inicia seu processo de aprendizagens somente quando entra para o jardim de infância. É possível estimulá-la, logo nos primeiros meses de vida, com estímulos, cores, sensações e muito afeto.

Quando somos deparados com novos conhecimentos, o cérebro imediatamente detecta esta informação, verificando em nossa memória se a informação é nova ou se já faz parte do nosso repertório de aprendizagens. Caso seja nova, o cérebro irá desenvolvê-la mediante o fluxo de conexões que possuímos na área cerebral, contextualizando-as á nossas emoções, experiências e pensamentos. Na sala de aula, isso significa que a mudança de rotinas, pedindo aos alunos para considerar  semelhanças e diferenças, levando a turma á passeios, apresentando ao grupo novas brincadeiras e atividades, são exemplos de ações e estímulos para continuar aprendendo.

É importante salientar que todo momento é momento de aprender, e que o que fará de fato a diferença em uma aprendizagem, será a qualidade de situações ou tarefas apresentadas ao aluno, que devem ser desafiadoras e inovadoras, ao ponto de estimular na criança a curiosidade e a motivação para continuar aprendendo, sempre.

As tics aliadas ás boas práticas pedagógicas podem contribuir efetivamente no processo de alfabetização

 A comunicação e a interação são processos pertinentes ao homem, que desde os tempos primórdios dialogavam sobre suas caças e aventuras, através das figuras rupestres. Muitos anos se passaram e com a evolução das tecnologias da informação e comunicação as Tics, as distâncias e as dificuldades de comunicabilidade foram reduzindo assim como, os métodos de aquisição da leitura e escrita. Se antes fazíamos pesquisas nas bibliotecas e aprendíamos a ler o bê a bá nas cartilhas, atualmente a geração dos chamados nativos digitais crescem mexendo em celulares e internet, ou seja, essas ferramentas são de suma importância tanto para o ensino, quanto para a aprendizagem. 

Na sociologia interação social é um conceito que determina as relações sociais desenvolvidas pelos indivíduos e grupos sociais. É a partir desta interação que o homem desenvolve a comunicação e estabelece a criação de redes de relações. No campo da educação diversos autores discorrem sobre a importância das interações sociais para o desenvolvimento e aprendizagem. Embora não tenha se fixado nos aspectos sociais e sim nos fatores biológicos em relação aos estágios do desenvolvimento Piaget (1987) afirma que: “O homem é um ser essencialmente social, impossível, portanto, de ser pensado fora do contexto da sociedade em que nasce e vive”.

Vygotsky (1993) foi um dos maiores representantes da Teoria Sócio-interacionista, nos seus estudos aponta o homem como sujeito social e em constante interação com o meio. Para este autor o desenvolvimento intelectual ocorre a partir de um intenso processo de interação social, ou seja, quando a criança brinca em seu ambiente, ela internaliza instrumentos culturais construindo o seu próprio conhecimento.

As novas tecnologias transformaram as trocas de informações e possibilitaram a interação social de “um para todos" para "todos a todos" aproximando os indivíduos de maneira atemporal. Nas salas de aula a interatividade digital já faz parte do cotidiano de um número pequeno no Brasil. Embora o acesso a tablets, computadores, leitores digitais e celulares ainda seja restrito a poucos, muitos professores já perceberam a importância que as TiCs tem no processo de aprendizagem. Para Kenski (2012) a introdução das novas tecnologias como instrumento para aprendizagem modificam comportamentos e o saber de maneira muito rápida.

Um saber ampliado e mutante caracteriza o estágio do conhecimento na atualidade. Essas alterações refletem-se sobre as tradicionais formas de pensar e fazer educação. Abrir-se para as novas educações, resultantes de mudanças estruturais nas formas de ensinar e aprender possibilitadas pela atualidade tecnológica, é o desafio a ser assumido por toda a sociedade. (KENSKI, 2012, p. 41).

As tics aliadas ás boas práticas pedagógicas podem contribuir efetivamente no processo de alfabetização. De acordo com a educadora e presidente do Sindicato das Escolas Privadas do Amazonas (Sinepe/Am), Elaine Saldanha, (2017) “Enquanto estão mexendo em um computador ou tablet, as crianças desenvolvem a concentração e o raciocínio lógico". Nessa fase é preciso que o professor estimule os alunos a conhecer o alfabeto de maneira lúdica e criativa, por isso deve implementar nas aulas, sites e aplicativos voltados para leitura e escrita. Antes de tudo, é preciso identificar em qual hipótese silábica o aluno se encontra para que sejam divididos em grupos.  Na sala de informática estimular o acesso a plataformas como: O pé de vento, site com jogos, músicas, contação de histórias e conteúdos, nele o jovem aprende com aventuras de todos os tipos. Voltada para alunos do primeiro ano, a ferramenta reúne diferentes atividades. O HagáQuê desenvolvido pelo Instituto de Computação da Unicamp, é um software educativo de apoio a alfabetização e ao domínio da linguagem escrita, que auxilia as crianças a criarem histórias em quadrinhos.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

A necessidade de uma reformulação pedagógica

 O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussões e apontamentos que motivaram sua evolução em vários aspectos, principalmente no que tange a condução de metodologias de ensino por nossos educadores e a valorização do contexto escolar formador para nossos alunos. Nesse aspecto GADOTTI (2000:4), pesquisador desse processo afirma que,

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga, destinada a uma pequena minoria, a educação tradicional iniciou seu declínio já no movimento renascentista, mas ela sobrevive até hoje, apesar da extensão média da escolaridade trazida pela educação burguesa. A educação nova, que surge de forma mais clara a partir da obra de Rousseau, desenvolveu-se nesses últimos dois séculos e trouxe consigo numerosas conquistas, sobretudo no campo das ciências da educação e das metodologias de ensino. O conceito de “aprender fazendo” de John Dewey e as técnicas Freinet, por exemplo, são aquisições definitivas na história da pedagogia. Tanto a concepção tradicional de educação quanto a nova, amplamente consolidadas, terão um lugar garantido na educação do futuro. (GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação, 2000)

Diante de enumeras transformações sociais, onde informações e descobertas acontecem em frações de segundo, o processo de desenvolvimento da escola entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos neste processo, pois é nela que são promovidas as mais importantes formulações teóricas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as nações, dessa forma, a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central na busca de perspectivas que possibilitem uma nova prática educacional, envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar, transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivação dessas transformações.
Com as constantes modificações sofridas por nossa sociedade no decorrer do tempo, dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de um modo de pensar menos autoritário e menos regrado, os agentes educacionais e a escola de uma maneira geral, vêm vivenciando um processo de mudança que tem refletido principalmente nas ações de seus alunos e na materialização destas no contexto escolar, fato que tem se tornado ponto de dificuldade e insegurança entre professores e agentes escolares de forma geral, configurando em forma de comprometimento do processo ensino-aprendizagem, sobre isso, GADOTTI (2000:6) afirma que,

Neste começo de um novo milênio, a educação apresenta- se numa dupla encruzilhada: de um lado, o desempenho do sistema escolar não tem dado conta da universalização da educação básica de qualidade; de outro, as novas matrizes teóricas não apresentam ainda a consistência global necessária para indicar caminhos realmente seguros numa época de profundas e rápidas transformações.(GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação, 2000)

A escola contemporânea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a sua volta, onde as informações são atualizadas em frações de segundos, ocasionando de certa forma, o desgaste e o comprometimento das ações voltadas para o aprimoramento do ensino, fazendo com que a sala de aula se torne um ambiente de pouca relevância para a consolidação do conhecimento, tornando a vivência social o requisito primordial para a busca de aprendizado, sobre essa escola, AMÉLIA HAMZE (2004:1) afirma em seu artigo “O Professor e o Mundo Contemporâneo”, que

Como educadores não devemos identificar o termo informação como conhecimento, pois, embora andem juntos, não são palavras sinônimas. Informações são fatos, expressão, opinião, que chegam as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que acarretam. Conhecimento é a compreensão da procedência da informação, da sua dinâmica própria, e das consequências que dela advém, exigindo para isso um certo grau de racionalidade. A apropriação do conhecimento, é feita através da construção de conceitos, que possibilitam a leitura critica da informação, processo necessário para absorção da liberdade e autonomia mental.(HAMZE, A .O professor e o mundo contemporâneo, 2004)

É perceptível que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento, tem fugido do interesse da sociedade em geral, pois a atualização das informações tem ocorrido de forma acessível a todos os segmentos satisfazendo de uma forma geral aos interesses daqueles que as buscam. A escola nesse contexto tem por opção repensar suas ações e o seu papel no aprimoramento do saber, e para isso, uma reflexão sobre seus conceitos didático-metodológicos precisa ser feita, de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se na postura de organização principal e mais importante na evolução dos princípios fundamentais de uma sociedade, DOWBOR (1998:259), sobre essa temática diz que,

...será preciso trabalhar em dois tempos: o tempo do passado e o tempo do futuro. Fazer tudo hoje para superar as condições do atraso e, ao mesmo tempo, criar as condições para aproveitar amanhã as possibilidades das novas tecnologias.(DOWBOR, L. A Reprodução Social, 1998)

GADOTTI (2000:8), sobre o assunto afirma que seja qual for à perspectiva que a educação contemporânea tomar, uma educação voltada para o futuro será sempre uma educação contestadora, superadora dos limites impostos pelo Estado e pelo mercado, portanto, uma educação muito mais voltada para a transformação social do que para a transmissão cultural.

Dessa Forma, a prática pedagógica dos agentes educacionais no momento atual, bem como a condução do processo ensino-aprendizagem na sociedade contemporânea, precisa ter como primícia a necessidade de uma reformulação pedagógica que priorize uma prática formadora para o desenvolvimento, onde a escola deixe de ser vista como uma obrigação a ser cumprida pelo aluno, e se torne uma fonte de efetivação de seu conhecimento intelectual que o motivará a participar do processo de desenvolvimento social, não como mero receptor de informações, mas como idealizador de práticas que favoreçam esse processo,

Na sociedade da informação, a escola deve servir de bússola para navegar nesse mar do conhecimento, superando a visão utilitarista de só oferecer informações “úteis” para a competitividade, para obter resultados. Deve oferecer uma formação geral na direção de uma educação integral. O que significa servir de bússola? Significa orientar criticamente, sobretudo as crianças e jovens, na busca de uma informação que os faça crescer e não embrutecer.(GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação, 2000)

Segundo Ladislau Dowbor (1998:259), a escola deixará de ser “lecionadora” para ser “gestora do conhecimento”. Prossegue dizendo que pela primeira vez a educação tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento. A educação tornou-se estratégica para o desenvolvimento, mas, para isso, não basta “modernizá-la”, como querem alguns. Será preciso transformá-la profundamente.

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem, levando em consideração que sua prática pedagógica em sala de aula tem papel fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno, podendo ele ser o foco de crescimento ou de introspecção do mesmo quando da sua aplicação metodológica na condução da aprendizagem. Sobre essa prática, GADOTTI (2000:9) afirma que “nesse contexto, o educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação. Ele precisa construir conhecimento a partir do que faz e, para isso, também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos”.
Ele afirma ainda que,

Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas também formam pessoas. Diante dos falsos pregadores da palavra, dos marketeiros, eles são os verdadeiros “amantes da sabedoria”, os filósofos de que nos falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber (não o dado, a informação e o puro conhecimento), porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mas produtivo e mais saudável para todos. Por isso eles são imprescindíveis.(GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação, 2000)

HAMZE (2004:1) em seu artigo “O Professor e o Mundo Contemporâneo” considera que
Os novos tempos exigem um padrão educacional que esteja voltado para o desenvolvimento de um conjunto de competências e de habilidades essenciais, a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e refletir sobre a realidade, participando e agindo no contexto de uma sociedade comprometida com o futuro. (HAMZE, A .O professor e o mundo contemporâneo, 2004)

Assim, faz-se necessário à busca de uma nova reflexão no processo educativo, onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformações de forma a beneficiar suas ações podendo buscar novas formas didáticas e metodológicas de promoção do processo ensino-aprendizagem com seu aluno, sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanços estruturais de nossa sociedade, mas um instrumento de enfoque motivador desse processo.

ATITUDE DE QUERER APRENDER

 “Eu quero aprender”, quantos entram em uma instituição de ensino, desejando realmente Isto? Criou-se uma atmosfera de obrigatoriedade em relação à Escola, justificativas como ; porque todos vão, você tem que ir , tem que saber disto , daquilo , se não estudar não vai ter um bom emprego, não vai ser ninguém na vida ,etc.

Acreditamos que aqueles que ignoram tais ameaças , vislumbram a verdadeira essência da educação ,descobrem que podem e decidem fazer a diferença no meio em que vive , e através disto constroem um olhar crítico e tornam-se grandes questionadores e criadores das marchas.

Questionam o sistema ,o governo, a sociedade, as estruturas, a educação, a saúde, a segurança, etc. Estes são os transformadores conceituais de seu tempo, e tudo porque decidiram aprender a aprender, não que a verdadeira aprendizagem nos transforme em rebeldes sem causa, pois que causa foge aos olhares críticos de quem verdadeiramente aprende.

Temos a tendência de nos cobrar demasiadamente, a ponto de achar que ao sairmos das estruturas educacionais, temos a obrigação de saber tudo .

Se este for o nosso pensamento, infelizmente teremos que recomeçar a nossa caminha escolar, pois não conseguimos perceber a essência da educação, e consequentemente nunca seremos um diferencial em nosso meio, um questionador transformador.

Na educação não obtemos a espada , mas sim o segredo do fogo para forja-la, não desviamos ou anulamos correntes d’agua, mas a transformamos em energia, é na Escola que adquirimos a “Lupa” que nos ajudará a fazer a famosa leitura do mundo , tão defendida e incentivada pelo saudoso educador Paulo Freire.

Para entendermos a verdadeira aprendizagem, teremos que tomar a atitude, de querer aprender a aprender , não por imposição ou obrigação social, mas sim, “porque eu quero”!

Como já dissemos anteriormente , quando decidimos aprender a aprender, entendemos que a importância não está somente nos peixes, mas também na forma de pescá-los. Qual a melhor vara, a isca certa, que lua é a mais indicada, qual o clima mais propício, em que condição a pescaria terá mais êxito, barco ou margem, enfim, são informações que contribuem para uma pescaria prazerosa, segura e produtiva.

Talvez possamos nos perguntar, tudo isto é necessário? Pode até não ser , mas esta é a visão de quem aprende a aprender e desenvolve a aprendizagem, não que se esforcem para isto , pois é com naturalidade que necessitam e procuram tais informações.

O diferencial não está no modo de como veem , mas sim na forma, pois quem desenvolve a aprendizagem através do querer aprender a aprender, busca mais profundidade e com isto adquiri uma forma diferenciada e tridimensional de ver o mundo, ou seja, observam além do plano ,intrigados com o que tem por trás do que se vê.

Entendemos que aprender não é um evento, mas sim um processo, um processo infinito e progressivo , pois quanto mais aprendemos , mais sentimos a necessidade de aprender , pois através da aprendizagem adquirida ,descobrimos que ainda há muito mais à aprender .

O Desenvolvimento da aprendizagem nos impulsiona ao seguinte degrau, pois de que adianta sabermos qual a vara, a isca, a lua, o clima, o barco, enfim várias informações e não discernir suas conexões e finalidades, sem a compreensão deste desenvolvimento, jamais teremos uma pescaria prazerosa, segura e produtiva.

A compreensão das informações e conteúdos agregados durante nossa caminhada escolar é que irão direcionar a nossa “Lupa” para a leitura do mundo.

Certa vez , assistindo a um dos primeiros episódios de “Lost”, um dos sobreviventes estava tranquilíssimo e após o acidente disse aos outros que logo viria o resgate , pois eles (o Governo), localizavam a placa de um carro via satélite, quanto mais um avião. Um outro sobrevivente esclareceu, que somente localizavam o veículo através do satélite , porque sabiam em que área procurar, diferentemente do avião, que estava totalmente fora da rota!

Gostaríamos de usar este exemplo e fazer uma analogia com o nosso assunto, se não compreendemos o que aprendemos, estaremos tão sem ação quanto a equipe de resgate , pois temos o satélite, a tecnologia e os técnicos, porém faltam dados importantes que nos impedem de progredir, de ir além.

Como docentes temos o dever de disponibilizar dispositivos e ferramentas que auxiliem aos discentes progredirem na compreensão de sua aprendizagem, este é o desafio de quem almeja e atreve-se a ser um educador. No art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: [...] III - zelar pela aprendizagem dos alunos; (Inciso III art. 13, LDB). Primar pela aprendizagem do ensino é, antes de tudo, um compromisso profissional e papel social do educador.

Revendo os nossos conceitos subjetivamente construídos em nossa discência, temos a oportunidade de reconstruir o saber, não por orgulho, pois o orgulho não constrói, mas sim pelo desejo de colocar nas mãos de cada discente uma “Lupa”, que ampliará sua visão, porém com a “Lupa”, verão que a atual docência, necessita de uma reforma pedagógica, mas não é este o objetivo da Pedagogia do aprender a aprender, produzir reformadores?

Nenhum docente responsável repreenderá quem deseja aprender a aprender, pois o verdadeiro papel do Educador é intermediar a relação da potencialidade cognitiva do educando com o mundo de possibilidades a sua volta, através da Tríade do Aprender.

A quem cabe a tarefa de educar os filhos nos dias de hoje?

 Nessa nova sociedade, midiática e cheia de atrativos, é muito fácil desviar a atenção dos valores adquiridos para os novos que adentram os lares pelos computadores, televisão, entre outros.

Vem sempre à mente uma questão: A quem cabe a tarefa de educar os filhos nos dias de hoje? A resposta pode ter vindo à cabeça imediatamente e estaria correta. Mas porquê tenho a sensação de que algo está indo pela contramão?

Os filhos estão cada vez mais distantes da convivência familiar (familiar aqui não no sentido da tríade, pai, mãe e filhos, hoje sabemos que o contexto “família” já mudou). Ou estão com seus pares nos shoppings, nos lugares de lazer, ou assistindo TV, na internet, no vídeo game ou cumprindo uma extensa agenda (esportes, música, inglês...). E os pais, por conta dessa nova sociedade, cada vez mais fora de casa também, lutando pela sobrevivência, preocupados em não perder tempo, trabalhando, estudando, lutando mesmo, para que a família tenha melhores condições de vida.

Nessa busca perdem-se pelo caminho alguns valores e o convívio familiar vai ficando cada vez mais escasso.

Educar filhos não é uma tarefa que se aprende com a experiência simples de ter filhos, embora pareça que essa seja a única maneira de aprender. Muito menos a busca por “entendidos”, pois cada qual com sua contribuição formarão uma corrente com elos diferentes.

Educar filhos é mais que ensinar o certo e o errado, é mesmo trabalhar um projeto de vida, em que nele se definem objetivos e metas mesmo, sem querer aqui mecanizar essa tarefa, mas é assim se desejamos bons resultados.

Essa tarefa não se aprende com receitas e nem num passe de mágica, há um longo caminho a ser trilhado. Exige daqueles que dela participam, um esforço concentrado na melhoria das relações familiares e do convívio social.

Deixar de dialogar com os filhos, não ter tempo, além de que suas respostas desconcertantes não nos permitem atuar dentro do papel de "adulto" que aprendemos com nossos pais, parece que o que aprendemos com nossos pais não funcionam, paramos perplexos, e estamos deixando que cresçam sozinhos, perdidos em seus mundos, muitas vezes exercendo uma crueldade ímpar, porque as crianças são naturalmente capazes de crueldades impensáveis e, diferente de nós, elas têm a exata noção do prazer que isto lhes causa. Claro que tudo isso observando-se dentro de um contexto sócio histórico, com efeitos diferentes nas diferentes classes sociais, há que se pensar nessas gerações que hoje são nossas crianças e adolescentes.

O desafio é lutar pela melhor educação dos filhos numa sociedade que se transforma e faz cair por terra tudo o que tecemos durante a vida e aprendemos como certo e arraigado.

Entendo então, que a educação dos filhos ainda cabe em primeiro lugar para a família, ninguém a pode substituir.

domingo, 30 de julho de 2023

A leitura é um patrimônio cultural

 "Os currículos das escolas brasileiras trazem alguns livros da literatura brasileira como obrigatórios para os estudantes do ensino fundamental e ensino médio.

Isso não deveria acontecer, pois a leitura obrigatória pode deixar o leitor sem estímulos, perdendo a mesma o seu valor.

Que graça tem ler um livro que não esteja gostando ou não entendendo?

Nessa condição, muitos jovens criam aversão à leitura e perdem total interesse pelas mesmas.

Melhor seria se as escolas ensinassem os alunos a manterem atitudes de gosto diante do ato de ler.

Procurar livros que apresentam temas interessantes é uma boa forma de mudar essa visão.

Visitar bibliotecas públicas também pode despertar o interesse pela leitura. Pelo menos uma vez por semana tire uma hora para frequentar um local que tenha grande diversidade de livros. Aos poucos desenvolverá o hábito da leitura.

Compartilhar a leitura com algum colega também é uma forma interessante de praticar. Cada um fica responsável por uma página ou capítulo, dependendo do combinado.

Participar de círculos de livro, onde as trocas são promovidas ou mesmo a aquisição de livros novos. E empreste seus exemplares para que seus amigos aprendam a emprestar os deles também, gerando uma troca de conhecimentos.

A leitura é um patrimônio cultural, que traz novas aprendizagens, desenvolve a escrita e o vocabulário do leitor, deixando-o mais crítico diante da própria vida."



De que é preciso para aprender?

Algumas dicas gerais sobre como o estudante deve se conduzir na vida estudantil, tendo por fundamento uma atitude de liberdade, mas compromissada, frente ao fascinante processo de desenvolvimento pessoal.

1 - Abastecer a estante

É preciso reunir todo o material. Embora isso seja consenso, o que mais existe é estudante “de mãos abanando” nas instituições de ensino, às vezes entre quem, mesmo tendo condições, resiste a adquirir o material didático em nome de “outros” conteúdos não recomendados. Sem falar naqueles que pensam que “basta assistir à aula”.

Negativo! O material adotado integra o plano de trabalho do professor e como tal deve ser encarado. Desconsiderar isso não é um bom começo.

2 - Cuidar da ordem

É bom dividir as matérias do curso pela cronologia das aulas, pela temática ou grau de dificuldade que apresentam. Uma estudante que frequentou meus cursos tinha três espaços distintos em sua estante, a saber: o das matérias fáceis, o das medianamente difíceis e o das severamente complexas.

Como haveria de se esforçar na ordem inversa à que dispôs seus livros, mantinha ao alcance das mãos os conteúdos considerados complexos, aos quais dava redobrada atenção.

Segundo ela, “estudava-os até nos momentos de bobeira”, aproveitando o subproduto do seu tempo diário para “melhor conhecer o inimigo e vencê-lo na batalha das avaliações” a que se submetia.

Uma organização caprichada é “uma mão na roda”.

3 - Estudar tudo

Fazer o cronograma semanal dos conteúdos que estudará dia após dia dá racionalidade aos trabalhos escolares e acadêmicos. Se em um dia o estudante preferir quebrar a ordem, tudo bem. O que não vale é se “apaixonar” por alguns conteúdos e se esquecer dos demais. De que adianta se especializar na matéria “A”, mas não dominar satisfatoriamente a disciplina “B”?

Então é preciso conduzir os estudos de modo a fazer frente às exigências de todos os conhecimentos do curso. Se for o caso de deixar de estudar alguma matéria, não hesitar em pôr de lado a que tem peso menor em vista das exigências institucionais, mas sem abrir mão de dar conta dos saberes cobrados nas várias avaliações do percurso estudantil.

4 - Fazer revisões

Estudar o conteúdo uma única vez não é o bastante quando o desafio é o de dominá-lo por completo e profundamente. Para tanto, é importante revê-lo tantas vezes quantas forem necessárias, sem esmorecer. A revisão possibilita a assimilação ativa e facilita a aplicação.

Essa prática evita preocupações desnecessárias e dá embasamento à capacidade de mobilizar conceitos e melhor qualifica o aprendizado. Só a revisão consolida a estruturação de dados e informações que representem conhecimentos e saberes imprescindíveis a qualquer empreendimento na ordem do “saber”, “saber fazer” e “saber ser”.

Revisar é consolidar.

5 - Funcionar equilibradamente

Sinal de bom senso é encarar o dia-a-dia de estudos feito um trabalhador cuja produção tem que acontecer, ter qualidade e aparecer. Mas é bom cuidar do ambiente de estudos, de preferência iluminado pela luz natural, organizado com sobriedade, simplicidade, bom gosto e, se possível, equipado adequadamente.

Além disso, prever dez minutos de intervalo a cada cinqüenta ininterruptos de estudos. O intervalo serve para o estudante se movimentar, relaxar e readquirir novo pique no expediente. Nesses dez minutos, o cérebro processa tudo aquilo que foi estudado para que o aprender renda, e com maior qualidade, sem provocar cansaço.

6 - Gerar sínteses

Investir na capacidade de produzir sínteses bem-feitas dos conteúdos estudados é um ótimo lembrete. Porém, sintetizar não é apenas fazer a listagem de tópicos do conteúdo, mas elaborar no papel o esquema conceitual parecido com o mapa mental da matéria explorada.

Uma vez esquematizado, o conhecimento se torna um estímulo vivo para que o cérebro seja “conectado” aos conceitos, teorias ou sistemas explicativos em fase de assimilação cognitiva.

Para isso o estudante pode empregar nas sínteses que fizer tudo o que facilitar a compreensão: cores, palavras, formas geométricas, dentre outros recursos, que contribuam para fazer vir à memória os conteúdos investigados. Sintetizar é dominar.

7 - Lembrar-se da saúde

Não cometer exageros. Alimentar-se de modo adequando e dormir o necessário para repor as forças despendidas. Oito horas de sono por noite é o que recomenda o pessoal da medicina.

Além de comer e dormir, procurar, ainda, dar-se à diversão, à descontração. O lazer bem aproveitado é outra fonte de energia, pois revigora o organismo, dá leveza à cabeça e areja o espírito.

O objetivo aqui é evitar a fadiga por meio de caminhadas, ginástica e outras atividades que façam a energia corporal fluir naturalmente. Então, o bom é comer, dormir e “mexer o esqueleto”, prosseguindo divertidamente, com o “organismo azeitado”, em forma.

8 - Automotivar-se

É essencial ter motivos para estudar. Eles dão margem à harmonização dos atos de explorar conteúdos e as providências para manter as forças pessoais. Um caminho para “dar de cara” com os motivos pessoais é responder às seguintes perguntas: “Por que preciso estudar?” “Para quê aprender isso, e não outra coisa?” “Quero estudar para...?”

Ao pensar nessas questões, o estudante tira de seu campo de visão a “forçassão de barra” de terceiros para estabelecer de modo consciente o que ele próprio tem a ver com os estudos e onde se reconhece nas escolhas que faz nesse contexto.

Isso é importante porque motivação não vem de fora. O que existe é automotivação, algo pessoal e intransferível.

9 - Resolver problemas

Inúmeros são os problemas que podem atazanar o estudante no percurso estudantil, concorrendo para que ele atraia o desânimo. Nessa hora, é bom ter um método para lidar com eles. Eu proponho o Sistema PADA: Problema-Análise-Decisão-Ação, cujos passos são os que seguem.

Primeiro: identificar e descrever o problema, suas causas e consequências.

Segundo: analisá-lo à luz da lógica e dos sentimentos que provoca, caracterizando os fatores nele implicados.

Terceiro: dominando as causas, consequências e a natureza do problema, decidir pela solução mais indicada à resolução do mesmo.

Quarto: agir para executar a decisão tomada e avaliar as ações concretizadas em vista dos objetivos pessoais.

A mania de protelar, de “deixar para depois” acaba se tornando um problema porque implica o círculo vicioso “não faço na hora certa => não estou em dia => sinto-me culpado”. O sistema PADA faz você se superar esse tipo de problema e tantos outros que podem nascer ao longo da vida estudantil.

10 - Traçar estratégias e táticas

Se a estratégia se relaciona ao plano global de ação, por prever grandes operações de estudo, a tática refere-se aos atos intermediários. Exemplo de estratégia: dominar conteúdos do saber filosófico.

Exemplo de táticas: “estudar” história da filosofia, “aprofundar” em uma corrente do pensamento filosófico e alcançar a “especialização” em um filósofo particular dentro dela.

Contudo, se o aprendiz considerar que não foi bem em um desses momentos, a indicação é relevar-se, calma e serenamente, pois “perder uma batalha não significa perder a guerra”. O importante é o robusto “quero aprender!”, a decisão resoluta capital.

Conclusão

Esses lembretes servem à visão geral sobre o que se quer aprender (curso), vendo também as partes (disciplina, conteúdo), sem extremismos para um lado ou para o outro.

Pergunta: conseguimos mesmo ver toda a sala quando encostamos o nariz na parede? E, do alto da montanha, vemos o pardal que pousa no galho lá na encosta?

Pois bem! Faça tudo isso de modo planejado porque o planejamento concilia o “todo” e a “parte” em um programa de estudos. Mas, atenção: programa é mapa, não é território. Ele apenas orienta a exploração das terras que representa.


terça-feira, 27 de junho de 2023

Pouco foi feito, quando se trata de educação de jovens e adultos.

 INTRODUÇÃO

O presente estudo leva em consideração, a questão das desigualdades existentes, entre a EJA e os demais seguimentos educacionais, com relação às oportunidades existentes na Sociedade. É importante a abordagem desse assunto, levando em consideração o aspecto histórico, para que se possa ter uma visão analítica da educação precária de hoje. Os jovens e adultos optam pela EJA, com a ilusão de terminarem seus estudos mais rápidos e com a intenção de arrumar um emprego melhor. Porém a realidade é cruel, quando a pessoa oriunda da EJA, procura um emprego, ocorre que as limitadas vagas existentes, exige mão de obra especializada, o que sentencia esse jovem ou adulto ao fracasso educacional e profissional.

Ainda cabe o que disse Foucault. Semelhante a situação do Brasil no período de 1910 a 1920:

“A historicidade que nos domina e nos determina é belicosa não lingüística.Relação de poder, não relação de sentido.” (FOUCAULT, 1977, p.6)

Com o crescimento econômico gerado a partir do final da Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, contribuiu para o surgimento de inúmeras mobilizações, culturais, político e sociais que irão marcar a Sociedade brasileira. Esses movimentos influenciaram de igual modo à educação, que era até aquele momento precário, devido ao grande número de analfabetos e a falta de mão de obra especializada.

Um desses movimentos foi a Semana de Arte Moderna de 1922, que mobilizou a classe artística para os problemas relacionados à nação e em busca de sua identidade nacional. Com as influências Européias do pós-guerra e com as idéias que pregavam inovação nos métodos educacionais, surgiu o movimento conhecido como: Escola Nova, baseado nos progressos e nos estudos da psicologia infantil. O que não foi suficiente.

“Descobrem que como homens, já não podem continuar sendo quase-coisas possuídas e da consciência de si como homens oprimidos, vão a consciência de classe oprimida”.   (FREIRE, 2005, p.201).

Permanecia tensa a situação no país, até que culminou na Revolução de 30, movimento que marca a transição da Republica Velha pela Republica Nova. Com isso ocorre também mudanças no sistema educacional, com o decreto: 19.402 de 14 de Novembro de 1930, que criara o Ministério da Educação e saúde, essa uma antiga reivindicação dos educadores brasileiros.

Em 11 de Abril de 1931, foi sancionado o decreto: 19.850, que aprovava o Conselho Nacional de Educação, mesmo com os decretos, muito precisava ser feito pelo ensino popular de 1º e 2º grau. Os educadores resolveram se reunir em Dezembro de 1931 em Conferência Nacional, convocada pela Associação Brasileira de Educação, com a finalidade de discutir as diretrizes da educação popular.

Nessa Conferência foi assinado um convênio estatístico entre Governo e o Estado, para que fosse feita a padronização das normas de ensino.

Outra iniciativa da Conferência, foi à elaboração de um documento assinado pelos mais representativos educadores brasileiros, no documento procuravam traçar diretrizes para uma efetiva política nacional de educação. O documento foi aprovado diante de muitas divergências de opiniões em Março de 1932, o documento ficou conhecido como: O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Um item no documento merece análise: “A educação deve ser um direito de todos, de acordo com suas necessidades, aptidões e aspirações, dentro do principio democrático da igualdade de oportunidades para todos”.

SERÁ QUE ESSE MANIFESTO GEROU IMPACTO IMEDIATO NO PAÍS?

Mesmo com tantas iniciativas, grande parte da nação continuava no analfabetismo. Gadotti tem uma explicação para essa problemática:

“No sistema capitalista a única filosofia tolerada é a filosofia da alienação.O Capital precisa cada vês mais de homens alienados”. (GADOTTI, 2003, p.25).

Somente em 1940, ocorreu à ampliação da educação elementar, o que trouxe avanços importantes no ensino de adultos. Com o término da Segunda Guerra Mundial e o fim da Ditadura Vargas em 1945, ocorreu grande efervescência política, era preciso redemocratizar o país. Era urgente a necessidade de aumentar as bases eleitorais, por isso à educação de adultos, virou prioridade governamental.

Em 1947, aconteceu à primeira “Campanha de educação de adultos”, tal ação previa alfabetização em até três meses. Seguiria a “ação em profundidade”, voltada para a capacitação profissional e desenvolvimento comunitário. Nesse período surgiram inúmeras escolas supletivas, para a população mais carente.

Em 1950, ocorreram inúmeras críticas às propostas de educação de adultos, devido suas deficiências administrativas. Essas críticas convergiram para uma nova visão sobre o analfabetismo do país.

Surge Paulo Freire, educador pernambucano com novas idéias e propostas de alfabetização de adultos, essas propostas visavam à adequação de métodos que respeitasse a diversidade de regiões e pessoas do país.

As propostas de Freire inspiraram os principais programas do governo, no que diz respeito à alfabetização e educação popular de adultos até década de 60.

A Igreja Católica foi de fundamental importância na educação neste período era a principal matriz da educação popular e estava à frente do Movimento de educação de base (MEB), que atuava através de escolas radiofônicas, principalmente no interior do país.

Em 1964, começa o regime militar, com isso foram suspensos grande parte dos projetos educacionais voltados para os adultos. Somente em 15 de Dezembro de 1967, foi criado o Movimento brasileiro de alfabetização, Fundação Mobral, nos termos da lei: 5.379 e acabou extinto pelo decreto: 91.980 de 25 de Novembro de 1985, durou dezoito anos sem alcançar a erradicação do Analfabetismo. Em 1985 foi Instituído a fundação EDUCAR, em substituição ao Mobral.

Durante o tempo de repressão, foi tamanha a falta de liberdade, para isso cabe refletir á analise de Gadotti:

“Isso tudo é um pouco da falência do nosso sistema de ensino voltado para discriminação, incapaz de desenvolver em todos à capacidade de pensar”. (GADOTTI, 2003, p.26)

Passado o período militar ocorreu forte investimento no ensino profissionalizante.

O acesso a Universidade era para poucos e sobrava para a maior parte da nação o ensino técnico profissionalizante e o supletivo. Continuavam mascaradas as relações desiguais de poder manipulando muitos inocentes, Gadotti é otimista quando diz:

“Nossa tarefa, nossa dignidade, nossa liberdade surgem quando, rompendo com o papel de espectador submisso, resignado, quando abandonando o estatuto de objeto modelado pelos conformismos do momento, tomamos a decisão sempre inconfortável de dizer face e de nos situar, interrogar, determinar com exatidão, ir ver, situar-se, todos esses atos de liberdade”. (GADOTTI, 2003, p. 17).

Atendendo ao que determinava a Constituição Federal de 1988, no artigo: 22, inciso: XXIV, em 1996 foi promulgada a Lei de Diretrizes e bases.

Segue a legislação 9.9394 de 1996 e sua bondosa, porém utópica proposta:

Seção:V

Educação de Jovens e adultos

Art. 37 A educação de jovens e adultos será destinada aqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e adultos que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas consideradas as características do alunado, seus interesses condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

§ 2º O poder público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola mediante ações integradas e complementares entre si.

§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma de regulamento.

Art.38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.

§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:

  • No nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;
  • No nível de conclusão do ensino médio, para maiores de dezoito anos .

§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.

Desde 1997, está em vigor o Programa Alfabetização Solidária, que têm como objetivo a redução do índice de analfabetismo e aumentar a oferta pública de Educação de Jovens e Adultos.

Mesmo diante de tantas tentativas, o analfabetismo persiste e cresce no país. É possível a constatação através desse trabalho que o problema da educação de hoje está na história de descaso com a educação e a discriminação da população mais pobre. Os poucos recursos destinados à educação, a baixa remuneração da população, a miséria, é o que favorece a indigência e aumenta a pobreza que assola o país.

As Sociedades atualmente, com raras exceções, são letradas. Porém, as estatísticas afirmam que cerca de 25% da população  brasileira com 15 anos e mais é analfabeta, sendo que a maioria está concentrada na zona rural.(SAUNER, 2009, p.14).

EJA essa é uma proposta educacional de adultos para uma prática política, visando ao engajamento dos grupos populares em ações, que transformem as estruturas, sociais produtoras da desigualdade e da marginalização. Marginalizado é o sentimento que reflete o sentimento desses jovens a partir de quinze anos e adultos que não tiveram condições de estudar no tempo previsto e que recorre a EJA, porém se depara com a proposta utópica de conclusão dos estudos em tempo mínimo. Quando consegue terminar o nível médio e o mesmo tenta uma oportunidade de emprego, verifica que a educação que foi oferecida a ele é insuficiente para a demanda do mercado globalizado e em constante expansão.

Considerações finais:

Pouco foi feito, quando se trata de educação de jovens e adultos. Continuam poucas as propostas, pouco investimento, poucos professores e continua sendo pouco o que é oferecido para quem tem se doado tanto ao desenvolvimento do país.

Estes, que oprimem, exploram e violentam, em razão de seu poder, não podem ter, neste poder, a força de libertação dos oprimidos nem de si mesmos. Só o poder que nasça da debilidade dos oprimidos será suficientemente forte para libertar a ambos. (FREIRE, 2005, p.33)               

Os oprimidos só começam a desenvolver-se quando, superando a contradição em que se acham, se fazem “seres para si”. (FREIRE, 2005, p.184)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei nº. 9.394, 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, 23 dez. 1996.

FERRAZ DE MELLO SAUNER, Nelita. Alfabetização de Adultos, Rio de Janeiro, 2009.

FREIRE, Paulo.  Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2005.

FOUCAULT, Michel.  Microfísica do Poder, 1977.

GADOTTI, Moacir.  Educação e Poder: introdução à pedagogia do conflito. Cortez, 2003.  

LEMME, Paschoal, O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e suas repercussões na realidade educacional Brasileira. Rio de Janeiro, 1984

As crianças autistas podem ser muito inteligentes, criativas e imaginativas.

 

Introdução 

Com o advento da inclusão escolar, nasce a necessidade de exercitar uma nova forma de educar, rompendo com os paradigmas educacionais ora existentes. Podemos considerar que “mudar o paradigma significa, então, pensar: queremos uma educação para todos, não uma educação especial para alguns [...]” PAN (2013, p.140). Para promover a inclusão escolar, é preciso reconstruir o conhecimento a partir do que está acontecendo atualmente na sociedade e repensar as práticas de ensino ora adotadas, oportunizando, assim, as mudanças que forem necessárias. Para que isso ocorra é preciso observar os processos que estão ocorrendo na contemporaneidade. Rouanet (1987) trouxe à tona um importante questionamento acerca do que é a nossa atualidade e sobre o que é possível fazer dentro da realidade em que vivemos de acordo com os acontecimentos que se apresentam.

Neste trabalho, direcionamos o nosso foco para a inclusão dos alunos que se encontram dentro do espectro autista. Um dado importante a se considerar é o fato de que, durante muito tempo, os fatores emocionais foram tidos como a única causa do autismo e por esse motivo a atenção dada ao problema era voltada para o ambiente familiar, a criança era vista como vítima das circunstâncias. De acordo com Rotta e Riesgo (2015), muitas são as evidências científicas da organicidade do autismo. Tais investigações foram feitas em diversas áreas das neurociências. Graças aos avanços dessas pesquisas, hoje, muito pode-se fazer para promover o desenvolvimento da criança autista, tanto clinica, quanto educacionalmente.

Atualmente, fala-se no Transtorno do Espectro Autista (TEA), que se divide em vários níveis de autismo, desde o leve até o mais severo grau. Sendo um transtorno complexo do neurodesenvolvimento, discutiremos a importância de aplicar uma pedagogia transdisciplinar para viabilizar o aprendizado da criança autista, estimulando a conquista de sua autonomia, para que ela seja a protagonista de sua própria história.

Desenvolvimento   

Ao pesquisar a definição de autismo encontramos que:

O autismo é um transtorno complexo e abrangente do neurodesenvolvimento, composto por três principais manifestações: 1) deficit qualitativo na interação social e na comunicação; 2) padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados; e 3) um repertório restrito de interesses e atividades. (RIESGO, 2014 apud DSM-IV-TR, APA 2002).

Dentre as principais características dos autismos destacamos: atraso na linguagem; dificuldades no relacionamento social; repertório restrito de interesses; padrões repetitivos e estereotipados; resistência à mudança; pouca fixação de olhar; hipersensibilidade sensorial; maior interesse por objetos em detrimento de pessoas.

O autista percebe o mundo de maneira diferente das demais pessoas, geralmente, precisa de rotina e isolamento para se sentir seguro. Sentem-se extremamente ansiosos quando não sabem o que esperar de uma situação.

A hipersensibilidade sensorial faz com que ele tenha uma percepção aumentada da realidade, fazendo com que tudo o que envolva os sentidos da visão, tato, audição e paladar o incomode, até mesmo o menor barulho pode desencadear uma crise nervosa, por este motivo é comum encontrarmos autistas que cobrem os ouvidos em ambientes ruidosos.

A criança autista não responde quando chamada, por sua falta de interesse no outro. Somado ao fato do atraso no desenvolvimento da linguagem, muitas vezes, os familiares acreditam que estão diante de um caso de surdez e começam por este viés, sua investigação.

Quando dentro do espectro de grau leve, encontramos indivíduos autênticos e literais. Autistas não entendem metáforas e desconhecem o “fazer social”. Comunicam o que pensam, quando se sentem seguros para fazê-lo.

Como nos contou a professora que foi entrevistada, seu aluno contou, em certa ocasião, que se disserem a ele que vai chover canivete, ele entenderá que vai chover canivete (informação verbal).

Ao pensar nas potencialidades do estudante autista surge uma importante questão: toda criança autista tem condições de frequentar a sala de aula do ensino regular? A está questão, o Neuropediatra Dr. Clay Brites responde que não e justifica:

Existem casos graves de pacientes com TEA que se mordem e se batem muito. Esses alunos precisam de um atendimento terapêutico um pouco mais diferenciado. Lembre-se que cada caso é um caso. A inclusão deve ser positiva. A inclusão deve privilegiar conteúdos pedagógicos. Se houver dificuldade para ensinar, existe o plano educacional individualizado, cuja finalidade é analisar as áreas que o aluno consegue desempenhar ou não. (BRITES, 2018).

Diante do exposto acima, ficou evidente que a inclusão do autista no ambiente escolar deve ser estudada com cuidado e atenção.

Os alunos autistas que tem a oportunidade de frequentar o ensino regular, quando inseridos em um ambiente inclusivo, tem grandes chances de se desenvolver. As crianças autistas podem ser muito inteligentes, criativas e imaginativas. O autista de grau leve tem potencial para encontrar o seu espaço na sociedade e conquistar sua autonomia. A professora entrevistada (2018) relatou que seu aluno tem buscado falar mais abertamente sobre sua situação, diante dos seus colegas. Este é um exemplo claro de desenvolvimento, quando estimulado pela família e pela escola, que devem estar em constante contato e troca de informações sobre o dia a dia da criança no ambiente doméstico e escolar.

Conclusão

Considerando que o autismo é um transtorno complexo, se faz necessário trabalhar com este aluno utilizando uma abordagem transdisciplinar que possibilite uma conversa com os diferentes ramos do saber. Assim, o conhecimento vai se construindo a partir de diferentes perspectivas e saberes.

Quando falamos em educação especial, é importante ter em mente que os educadores precisam acreditar no potencial do aluno e com ele estabelecer um vínculo afetivo, que com o passar o tempo, vai se fortalecendo. Reconhecer nos pequenos avanços, os grandes ganhos.

Promover atividades integrativas e colaborativas estimulando o convívio social da criança autista, lembrando de proporcionar um ambiente agradável, sem muitos ruídos e minimamente previsível para que ele se sinta encorajado a participar ativamente, dentro do seu limite, que deve ser respeitado.

A musicoterapia e o teatro podem ser usadas como ferramentas de socialização desse aluno, uma vez que trabalham a emoção e a imaginação. Através da música é possível desenvolver sua capacidade de perceber o som como um elemento agradável, uma vez que este elemento será inserido gradativamente em seu aprendizado.

O aprendiz autista está na escola regular para aprender. Porém, muito mais do que os conteúdos das matérias, ele tem necessidade de ser ouvido, de ser acolhido quando exposto a uma situação que gere algum tipo estresse, lembrando que ele é bastante vulnerável emocionalmente.

O tempo dele é outro, as dificuldades de aprender são patentes, por este motivo, deve ser concedido a ele um tempo extra a fim de que possa se dedicar com calma à atividade proposta.

Para a realização e um trabalho inspirador que seja focado no desenvolvimento das crianças com necessidades especiais e também dos alunos neurotípicos, devemos ter em mente que [...] “a nossa missão educadora inclui, certamente, o cultivo do amor e do cuidado, a ressureição da fé e o resgate da esperança.” (MORAES, 2016).

Referências

BRITES, Clay. Autismo e Inclusão Escolar: o que fazer?. Disponível em: https://neurosaber.com.br/autismo-e-inclusao-escolar-o-que-fazer/ Acesso em: 22 de jun. 2018.

MORAES, Maria Cândida. Transdisciplinaridade, Criatividade e Educação. Campinas. Papirus: 2016.

PAN, Miriam. O Direito à Diferença: uma reflexão sobre deficiência intelectual e educação inclusiva. Curitiba. Intersaberes: 2013.

RIESGO, R.; Neuropediatria, Autismo e Educação. In: SCHMIDT, C. (Org.). Autismo, Educação e Transdisciplinaridade. Campinas: Papirus, 2014.